Desapego...
Chega um momento em que precisamos nos desapegar. E
esta ação descrita no dicionário como “falta de afeição” é antônimo, é claro,
de “sentimento de afeição, de simpatia por alguém ou alguma coisa”. E o apego
faz parte da vida do ser humano. Impossível viver e amar sem apegar-se!
Mas praticar o desapego nem sempre é fácil. Leva a
gente a um grande exercício de deixar o "confortável", sair de si
mesmo e imaginar o que pode vir depois.
O apego normalmente está ligado aos vínculos
afetivos que construímos ao longo de nossa vida. É assim com um par de tênis
velho, uma jaqueta, um casaco puído... Pode olhar em seu guarda-roupa e em seus
armários. Vai ver que muita coisa que tem lá você nem usa mais. Mas existe uma
ligação afetiva, uma lembrança, um conforto de saber que aquilo "lhe
pertence". Que aquelas coisas te fizeram um bem danado em alguma época de
sua vida.
Psicólogos nos aconselham a fazer uma “limpeza” em
nossos armários de vez em quando, para praticar o difícil exercício do
desapego. Porque tal como nossas roupas e calçados, nossas relações precisam
ser "renovadas". E veja só: falei "renovadas" e não
"perdidas". As roupas podem ser doadas ou transformadas em
"cobertor" para o cachorro, pano de chão, sei lá. Já os momentos bons
que você viveu vão ficar com você para sempre. A roupa que vestia ou o calçado
que cobria seus pés, eram só sua "casca". O bom ficou aí dentro de
você!
E precisamos pensar assim quando mudanças se fazem
necessárias em outras esferas de nossas vidas. Como mudar de cidade ou
"desocupar" um cargo. Não é fácil deixar aquilo que acreditamos
"nosso". Entregar nossos projetos tão carinhosamente sonhados em mãos
de outrem. Imaginar nossas conquistas e progressos não valorizados pelo nosso
sucessor. Mais difícil ainda é se “desapegar” de uma relação que se desgastou
com o tempo e não te traz nenhum bem.
Acredito mesmo que o melhor seja "não
imaginar"...
Coisa boa é pensar no que vem depois! Nos novos
espaços, nas novas lutas, nas prováveis vitórias. No recomeço em outro lugar...
Porque Deus não nos leva a lugares sem pensar que ali devemos permanecer
somente ENQUANTO SOMOS NECESSÁRIOS. Confie nas sementes que plantou. O solo era
fértil? Você adubou bem? Elas vão germinar e florescer, independente de quem
fará a colheita.
Desapegue-se. Seja feliz pensando em um novo
"apego", em novos projetos, em novas construções...
Ângela Rocha
angprr@uol.com.br
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