VOCAÇÃO: “EU TE CHAMEI...”
As Escrituras sagradas manifestam o chamado radical que Deus dirige ao homem para que ele seja, na sua vida, aquilo que já é na sua essência: a imagem de Deus e filho de Deus! Seguindo este pensamento, fica bem mais fácil entender o que significa “ser chamado”.
No livro do profeta Isaías se descreve todo o mistério do “chamado”, com estas palavras:
“Eu te escolhi, te chamei pelo teu nome e te pus um nome novo, ainda que não me conheças”.
(Isaías 45,4).
Apenas com um versículo, o Profeta nos indica tudo o que acontece quando nos sentimos envolvidos por um mistério profundo que chamamos “VOCAÇÃO”.
A primeira coisa que percebemos nesse mistério é que Deus dá início a um novo relacionamento: “EU te escolhi...!”. Quem é chamado, precisa sempre reconhecer o privilégio de ter sido envolvido num relacionamento com Deus de modo diferente. A vocação implica sempre numa escolha específica que apenas Deus faz! Ser chamado por Jesus implica uma escolha que Ele faz de alguém, pelos mistérios da sua vontade. É um privilégio do qual não podemos nos envergonhar, como dizia João Paulo II:
“Quão grande privilégio é conferido àqueles que são chamados a serem consagrados a Deus, a serem anunciadores do Evangelho! Quão extraordinária satisfação se descobre quando respondemos ao apelo de comunicar Cristo ao outro!”
(23/02/1981).
O segundo elemento que deve sempre ficar claro a quem se percebe escolhido está contido nesta outra expressão: “chamei pelo nome”. Não se trata apenas de um “convite”. Nunca na Escritura o verbo usado tem essa característica, pois o Senhor não “convida alguém”, mas sim o “convoca”, chama. O que isso significa? Significa que não é apenas uma solicitação, mas um apelo que Deus faz a quem Ele considera capaz para a missão que Ele conhece. É o maravilhoso e encantador agir de Deus que deseja “precisar do homem” para salvar o homem. “Eu preciso de você; não de outro! Apenas você pode ser para os outros aquilo que Eu desejo dar-lhes!”. São estas palavras que Ele nos dirige quando nos chama!
O terceiro elemento que nos mostra o versículo é que Deus não nos pede para sermos algo diferente daquilo que já somos. Ele nos chama para exercermos nossa vocação autêntica. “Eu te chamei pelo nome” indica o respeito profundo que Deus tem para com aquilo que nós somos; Ele respeita o nosso “nome”, a nossa personalidade, a nossa cultura, história, dramas, expectativas etc. Ele não pediu a Pedro para ser “marceneiro”, mas sim para continuar sendo “pescador”. Apenas o objetivo da vida mudaria. Isso é o sinal de que um chamado é autêntico. Todos os apelos da Escritura refletem esse respeito profundo de Deus por aquilo que somos. Ele não pede para “substituir” a nossa vida por outra coisa que, às vezes, existe apenas na nossa imaginação. Deus respeita tudo aquilo que somos, mas pede que usemos tudo o que somos para unir nossa vida à beleza do projeto de Deus. Ele nos pede para usar os nossos “talentos”!
Por último, para poder entender e acolher a maravilhosa escolha que Deus faz e que chamamos “vocação” considere a última parte do mesmo versículo: “... um nome novo, ainda que não me conheças”. É o encantador e aventuroso caminho da vocação que não esgota o seu potencial no momento de responder “sim”; mas, é um longo processo de assimilação entre a vontade de Quem convoca e de quem é convocado. Não se trata de substituição de personalidade, trata-se apenas de “sintonia de corações”, “com participação”, “fusão de sentimentos”, do mesmo modo que Jesus dirá sobre o Pai: “Eu e o Pai somos um”. É sentir o que o outro sente, é viver o que o outro vive. Enfim, é permitir que Deus aja livremente em nossa vida “para que o mundo creia” no amor e na bondade de Dele. Para que espalhemos pelo mundo a Sua Palavra, caminho, verdade e vida!
Ângela Rocha
(Adaptado da Apostila de Catequese – Diocese de Ponta Grossa PR).
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