DISCURSO E PRÁTICA
Penso que um dos grandes entraves da nossa Igreja ainda é, infelizmente, nossos padres. A grande maioria vive ainda como se governasse pequenos "feudos" dentro da Igreja, isso pra não falar nos "feudos maiores" que são as dioceses. Num mesmo Regional, encontramos diferenças gritantes de mentalidade. Em alguns lugares, por exemplo, nunca se ouviu falar em Diretório Nacional de catequese, muito menos se conhece qualquer documento ponticífio alertando para as novas realidades continentais: que o número de católicos diminui cada vez mais e que é preciso sair em "missão de resgate" em busca de cristãos perdidos. Temos, e muito, cristão só de nome, católico só de nome. Pior ainda, temos pessoas totalmente descristianizadas.
E a estrutura da catequese em nossa Igreja também não ajuda em nada. A catequese vive como se fosse uma extensão da escola, exclusivamente preocupada com jovens e crianças e adotando o sistema escolar como regra! Vocês já perceberam que para nossos catequizandos é como se a catequese fosse uma extensão da escola? Nem preciso lembrar, não é? Somos "professores" e, pra eles, ir à igreja uma vez por semana é assistir mais uma aula. E chata ainda por cima! Não há qualquer ligação com a vida em comunidade. A liturgia praticamente não existe na vida deles. A "missa da catequese" é meramente uma imposição... que eles acatam porque são obrigados. E percebo uma coisa: eles nem sequer tiram o uniforme da escola pra ir a catequese! Poucas crianças tem uma vivência familiar cristã. É regra geral fazer catequese por obrigação social.
E nós ficamos nesse discurso. Não mudamos nunca. Muitos de nós, não tem apoio dos padres, a família não tá nem aí e em alguns lugares, qualquer criatura pode ser catequista. A necessidade de evangelizadores é tanta que a preocupação com formação é nenhuma. E continuamos a bater na mesma tecla: é precioso mudar a mentalidade, é preciso mudar a postura... Mas quando? Quando nossa Igreja estiver extinta?
Mas vamos reconhecer: a Igreja tem feito esforço para mudar. Nos últimos cinco anos por exemplo, vimos a produção de documentos riquissímos em prol dessa mudança: O DNC, o Documento de Aparecida e recentemente o Estudo 97. Sem falar nos documentos pontifícios e a nas inúmeras assembléias realizadas pelos Bispos sinalizando a necessidade de mudanças. Mas quem de nós está interessado realmente nisso? E não adianta dizer que a igreja não investe em formação e que o catequista, além de estar lá de graça, tem que comprar livro para estudar. Tive uma experiência numa paróquia onde o padre presenteou cada uma das 32 catequistas com o DNC e com o Documento de Aparecida. Perguntem-me quantas dela o leram. Faltou talvez, interesse dos catequistas e incentivo das coordenações. E estas, via de regra, também não tem qualquer preparo para ajudar na condução de um processo catequético coerente com a realidade atual. Resta-nos então ficar aqui: cobrando mudanças e esperando que elas venham "de cima".
Sabem de uma coisa? No fundo, no fundo, somos um bando de acomodados. Vemos os erros da catequese e da nossa igreja a muito tempo. Sabemos exatamente onde estão todos os problemas. Mas é mais fácil aguardar que o Espírito Santo ilumine a cabeça dos nosso bispo. Que por sua vez exija ação do nosso pároco. E que nosso pároco, por algum milagre de nosso padroeiro, do dia para noite consiga contar com catequistas devidamente preparados para, finalmente, FAZER ALGUMA COISA!
Angela Rocha
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