Por que CATEQUISTA AMADORA?





Uma querida leitora do blog me perguntou isso num comentário... E penso que tenho e não tenho resposta pra isso. Ou, explicando melhor, na época em que me denominei “catequista amadora”, eu de fato era uma amadora em tudo que eu fazia.

E hoje, por que ainda me denomino assim? Bem, acredito mesmo que ainda o sou... Quem sabe agora a conotação do “amadora” esteja tendendo mais para o adjetivo derivado do verbo amar, como insistem alguns amigos que me conhecem... Muito bondosos para comigo, diga-se de passagem! Rsrsrs...

Mas ainda me considero uma “catequista amadora” por mais experiências e conhecimentos que eu tenha acumulado nestes últimos sete anos de catequista. Viu só? Sou uma amadora (só com sete anos!) perto de algumas pessoas que tem pra lá de trinta de caminhada...

Bem, mas vou aproveitar algumas coisas que já escrevi sobre esse meu “amadorismo”. Escrevi algumas destas coisas respondendo a alguém que me perguntou o por que. Na época eu tinha no máximo uns 2 ou 3 anos de catequista. Posso garantir que muito pouco mudou de lá pra cá... rsrrsrs... Ainda não me acho “profissional”.

Eu ainda sou amadora, muito amadora. Acho até que jamais serei "experiente" o bastante para deixar o amadorismo. Que o dicionário classifica como "praticar uma atividade sem conhecimento avançado do assunto e usando equipamentos e técnicas não profissionais". Pois é, este me parece o retrato da catequese. Por mais que eu tente conhecer o assunto sempre existe mais para saber e estou sempre atrás de técnicas e métodos novos para “saber fazer”.

Mas vamos falar do amadorismo na catequese. Uma das causas da falta de qualidade na catequese, e de muitos dos seus problemas, é justamente o seu aspecto amadorístico. Amador é aquele que não possui conhecimento suficiente das coisas, pratica a atividade ainda sem se aprofundar, ou por curiosidade ou simplesmente para ter o que fazer. E não usa técnicas ou equipamentos considerados “profissionais” para a prática da atividade. O amador é aquele que está “começando sempre”...

E não confunda aqui amador com voluntário, que trabalha por carolice ou caridade. O voluntário normalmente também não é um especialista no que faz. Tem tempo sobrando, tem boa vontade, ideais altruístas e não precisa conhecer profundamente aquilo a que se propõe. O Catequista, por mais que goste da sua atividade, não pode ter conhecimentos vagos e pouco trabalhados sobre a catequese. O Catequista não é só um voluntário. Não pode ser. A Catequese não é uma atividade para se praticar durante uma ou duas horas, esquecer dela e lembrar só na semana que vêm. Aí é que a coisa fica complicada... Conheço muita gente por aí que considera uma verdadeira “ofensa” pedir que ela “perca tempo” em formação e encontros de catequistas fora daquelas 1 ou 2 horas da semana...

Uma coisa que classifica a catequese como amadora também, é o fato de que não se exige “profissionalização” em área nenhuma. Nem na área do ensino (e o foco da catequese é o “ensino” da fé), que envolve uma formação básica na área da pedagogia, psicologia do desenvolvimento, metodologia e didática, assim como a realização de um “estágio”. Bom, aí vão me dizer que catequese não é escola, não é aula... Para quê tudo isso?

Concordo que catequese não é aula, escola, mas é ENSINO.  É educação na Fé. Basta que eu tenha Fé? Basta que eu leia a Bíblia? Quando se educa, não se está ensinando? Perdoem-me mas, se todas as pessoas que lêem a Bíblia e vão à missa uma vez por semana e tem fé inabalável, são capazes de serem catequistas, então porque temos tão poucos em nossa Igreja? A Palavra não se espalha por aí só com o som da minha adorável voz...

No primeiro ano em que comecei a fazer encontros de catequese (nunca tinha feito isso antes), me deram uma turma de primeira etapa da Eucaristia com 12 crianças. Eu sabia tanto quanto as crianças! Não tinha experiência alguma com crianças (exceto as minhas em casa), nunca tinha feito sequer uma formação para catequista e nem tinha curso nenhum na área de educação. Isto é tão amador! Naquela altura, não se exigia experiência, bastava boa vontade. Foi só há sete anos... Mudou alguma coisa?

E devo dizer aqui que a Igreja não contribui em nada para mudar o estado de “amadorismo” da coisa. Ela não se empenha em preparar catequistas. Ainda é muito amadora e depende exclusivamente de boa vontade. E isso não é só com a Catequese, é com todas as pastorais. Mudei e muito nestes últimos anos, única e exclusivamente por esforço meu, mas ainda sou amadora... Porque pratico uma atividade amadora!

Bem, eu tenho muita vontade, trabalho pela catequese com muito empenho, sou autodidata, leio muito, rezo muito, jamais tive preguiça para participar de encontros e formações e procuro me informar sobre tudo. Mas ainda não tenho conhecimento suficiente de pedagogia, didática, metodologia ou aprendizagem; não sei de bíblia o suficiente, não sei liturgia o suficiente; ainda não li todos os documentos da Igreja e não tenho vivência o suficiente para me considerar uma catequista experiente. Isto depois de ter feito uma pós-graduação em catequética, fazer parte de comissão diocesana e paroquial de catequese, escrever sobre catequese, dar formação, conduzir o blog de catequese da CNBB por dois anos e administrar dois Blogs e dois grupos no Facebook sobre catequese. Ah... e tive a honra de ser uma das criadoras dos encontros de catequese da CF 2012 para a CNBB.

Respirei e pensei catequese todos os dias dos últimos sete anos. Estou há um ano e dois meses sem turma e sem participar de nenhuma equipe de catequese em paróquia e, nem um minuto deste tempo deixei de ler, me informar e, consequentemente, me formar. A internet tem sido minha fonte de conhecimento e meu teclado minha "sala" de catequese, meu chão. Por que não estou numa paróquia? Deus deve ter uma resposta...

Estes são alguns dos pontos que justificam e que contribuem para o meu amadorismo. Preciso aprender e fazer muito ainda. Penso que refletimos muito sobre tudo, escreve-se muito sobre tudo... Mas não se faz nada ou pouca coisa. E até quando vamos continuar refletindo e não fazendo nada?

Aliás, dá vontade de não fazer nada mesmo, não dá?
Isto é ou não, amadorismo?!

Ângela Rocha
angprr@uol.com.br

Comentários

  1. Acho que tivemos início igual na catequese, por isso sempre tenho uma dúvida: será que não é assim que Jesus quer? Pois para ele seria muito fácil escolher só os profissionais do ramo, mas acho que é de propósito que escolhe a nós leigos, para nos capacitar e nos fazer pescadores de almas. Beijos.

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    1. Margarete, o negócio é que não existem "profissionais" no nosso ramo... rsrsrrs...
      Mas de uma coisa estou certa, Jesus nos chamou e não nos quer desinteressados, precisamos nos preparar sempre1 um abraço!

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