Aprendi como é amar...
Como é bom acordar de manhã envolta em um abraço. Mesmo
que a princípio se pense em “segundas intenções”... Agora? - pergunto eu. Não,
não... Eu só quero te namorar um pouquinho. - Responde ele.
E ficamos os dois ali, agarradinhos. Eu com meu
rosto na curva de seu pescoço e ele com os lábios em meus cabelos. E pude
sentir como é a paz de ser... simplesmente amada! Do jeito que sou. E ali, de
repente, inundou-me o sentimento maravilhoso e único de se sentir “parte” de
alguém. E lembrei das muitas lições sobre o amor. Que dizem que devemos ser
independentes e únicos para sermos felizes. Ah, como estão enganadas essas teorias.
Ultimamente tenho pensando muito em como são nossas
relações de amor, de comprometimento. Na maneira um tanto equivocada com que
distribuímos e recebemos amor. Nosso amor, via de regra, é um amor “projetado”
para nós mesmos. Amamos do “nosso jeito”. Amamos entregando somente aquilo que,
acreditamos, não nos fará falta. E esse amor é um amor “controlado”, entregue
conforme nosso coração “acha” que deve. E temos medo da entrega total... de
amar sem medidas. Medo de entregar aquele amor que o ser amado necessita, não aquele
que é “nosso” jeito de amar.
Estou numa relação matrimonial de vinte e seis anos
já. E acordo todos os dias “apaixonada”! Verdade! Verdade verdadeira. Agora
mesmo recebi um beijo e um “Eu te amo
muito!”, antes que ele fosse para o trabalho. E como funciona isso? Nós aprendemos a amar! Nem sempre foi assim. Houve um tempo em
que eu amava do jeito que achava que devia, e ele me amava, também, como
queria.
E as minhas teorias de amor esbarravam no jeito
comedido dele me amar. E o amor que ele tinha para me dar se chocava com meu
jeito expansivo de demonstrar meus sentimentos. E passamos anos a nos
desentender. Amando e sofrendo por amar.
Até que finalmente entendi, que não vamos andar na
rua de mãos dadas ou abraçadinhos. Esse não é o jeito dele me amar. E que ele
não vai lembrar de me dar presentes sempre que uma “certa data” acontece. Isso
não faz parte do jeito que ele sabe amar. E ele entendeu que, de vez em quando,
preciso receber flores sem ter motivo algum. E que preciso destes “eu te amo”, mesmo que seja só para eu
escutar. Esse é o meu jeito de ser amada. E aprendi, eu a respeitar os
silêncios dele; ele, a escutar as minhas conversas bobas. Aprendi a ser serena
para receber amor. Ele aprendeu a ser loucamente apaixonado para dar amor. E
vivo assim, esperando os arroubos apaixonados que me fazem feliz. E ele, a
esperar que eu só me aquiete e simplesmente receba seu abraço.
E aquilo que de vez em quando digo, num arremedo de
auto afirmação: Ame-me ou deixe-me,
aqui é totalmente falso e desnecessário. Porque amar vai muito além. Não posso
querer aceitação absoluta do meu jeito de amar, sem aprender como o outro quer
ser amado.
Ângela Rocha
angprr@uol.com.br
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