Receita da felicidade... Parte III
Pais, pais,
sempre os pais...
“Em nossa
última reunião para avaliação da catequese e propostas para 2013, observei que
a reclamação foi geral sobre a falta de participação dos pais e interação com o
projeto catequético. E as propostas para o ano vindouro é justamente procurar
formas de tornar essa catequese mais atraente também para os pais. Muito do que
se propõe, já efetuamos aqui. Mas tudo no papel é muito bonito e realizável. A
prática nos mostra o contrário. Como você disse, descreve-se o que será
trabalhado "efetivamente" e como atingir os objetivos, mas o
resultado é apenas parcial. Por quê? São tantas as barreiras a vencer...”.
Antes de comentar o depoimento acima, gostaria de relacionar
o que é na verdade o “Muito do que se
propõe...”:
- Planejamento de temas para encontro de pais;
- Nas celebrações, levar os catequizandos a
participar dos momentos da missa: entrada da bíblia, ofertório, acolhida,
coral, evangelho encenado. (Se as crianças participam da missa, os pais as
acompanharão);
- Levar a catequese mais próxima da sociedade. Como
por exemplo, ajudar instituições de caridade, rezar na casa de pessoas
enfermas, etc.
- Rezar e lutar para que nasça de fato o
compromisso no coração das pessoas que estiverem a nossa volta.
É interessante pensar nesse “problema” da falta de
presença dos pais na catequese. Outro dia até, li uma reflexão de uma
catequista dizendo que existem pais conscientes sim, que eles estão na
catequese! E que há soluções para melhorar a participação deles...
O que acontece, porém, é que a grande maioria de
“ausentes”, suplanta os “presentes”... E a gente até esquece de dar valor a
esses pais. Tanto é que acabamos lamentando por aqueles que não estão ali e
esquecendo de felicitar os que estão. E na presença destes, o que é pior!
Eu diria que, no atual estado das coisas, trazer os
pais para a catequese é um trabalho que, ouso dizer, não se faz muito em
“equipe”. O catequista da turma precisa ter consciência que cabe a ele “virar o
jogo”. E a coisa deveria ser mais ou menos como uma “campanha eleitoral”, e
daquelas que se faz no corpo-a-corpo. Precisamos ganhar a confiança dos pais,
eles precisam acreditar no nosso trabalho, que vamos fazer “alguma coisa”... E
só assim, ganharemos o seu “voto”... (de confiança, no caso). Alguém aqui, já
se propôs a procurar seu “eleitor” e perguntar o que ele precisa elencando suas
propostas? Lembre que não se faz “proposta” alguma sem conhecer as reais
necessidades do eleitorado.
Usei aqui de uma analogia, mas, o nome bonito disso
é “Missionariedade”. Nós não saímos em missão. Somos discípulos sem ser missionários. A
gente não vai atrás da ovelha perdida. Chama ela para uma “reunião”...
Mas onde fica a comunidade paroquial e a equipe de
catequese nisso tudo? E se eu trouxer pais pra escutar balelas em reuniões e
encontrar uma comunidade que não é acolhedora? Problema, problema...
Aha! Aí vêm nossas conversas anteriores sobre
“trabalhar em comunidade” e “diálogo”. Diálogo entre a equipe de
catequistas, entre coordenação e
catequistas, entre padre, coordenação e
catequistas. Planejamento, mudança de mentalidade, interesse, etc. e
tal...
A grande verdade é que as experiências passadas
depõem contra nós. Ao longo dos últimos quinze anos, sempre tive um dos meus
filhos na catequese. E posso dizer que, a maioria das reuniões a que fui, foram
uma chatice sem tamanho. E neste último ano a única reunião (é reunião mesmo,
não encontro) a que fui, não foi diferente. Foi de um aborrecimento quase
mortal para mim. Isso porque eu, como catequista, vou lá de espírito aberto,
disposta a entender e colaborar. Imaginem se eu fosse dessas mães que aparecem
lá uma vez por ano...
Aí é que está! Os pais tem em suas cabeças que
nossos “encontros” ou “reuniões”, tem dois motivos normais e comuns; e um outro, tremendamente equivocado. Os dois
primeiros são: dar recados que podem ser dados em um bilhete e, falar um monte
de assunto que não tem nada a ver com a vida deles. E o equivocado e “grave”
(que rezo para que não aconteça nunca): tentar ensiná-los a criar os filhos e
dizer-lhes como se comportar. Nem a pedagoga da escola de nossos filhos
consegue ser tão intrometida e chata. Fato é que, ninguém gosta que alguém de
fora se meta na maneira como você cria seus filhos. Nem reclame que seus filhos
não vão à missa, que não se comportam, etc., etc... Isso eles sabem. Os filhos
não vão á missa porque os pais não vão à missa. E quando os pais vão, eles
reclamam que os filhos não querem ir... Os filhos não querem ir porque não
entendem a missa, a missa é chata... Na verdade é “madura” demais para eles.
E podemos continuar nessa conversa
indefinidamente... Tanto é que já estou no fim da segunda página e ainda não
consegui achar uma “receita de felicidade” pra esse caso.
Isso porque o problema do “afastamento” dos pais é
muito maior que a catequese paroquial. Nossos pais, assim como grande parte dos
batizados, comungados e crismados de hoje em dia não foram, de fato,
evangelizados. E posso dizer que a maioria dos nossos catequizandos vai pelo
mesmo caminho. A fé cristã até pode fazer parte da vida deles. É aquela tal
“sementinha” que alguém jogou nas pedras e que de alguma forma brotou. Mas a
“religião”, a vivência comunitária e eclesial, é outra conversa.
“A Igreja é a comunidade dos pecadores que crêem no amor de
Deus e se deixam transformar por Ele, e assim se tornam santos e santificam o
mundo”.
Esta frase é do Papa Bento
XVI e foi proferida numa homilia que falava de Santidade e Missionariedade. E a
santidade passa pelo estilo de vida que Jesus nos pediu: a compaixão. O viver e
dar a vida pelo projeto do amor. Quem hoje se preocupa em viver numa comunidade
que se preocupa com o outro? Quem hoje entende o sentido de solidariedade e
partilha? Quem quer ser santo? O mundo está preocupado demais com coisas
materiais e terrenas. As pessoas de modo geral querem o “ter” para depois
pensar no “ser”. Isso quando o ser não acaba em “ser maior que o outro”. Ninguém
quer ser santo, quer mais é ser “rei”. E de preferência sem nenhuma das
responsabilidades que um reinado acarreta. E quem quer sair em missão? Quem
quer buscar as ovelhas desgarradas do rebanho?
Sejamos francos. Poucas
famílias levam seus filhos à catequese pensando numa vivência de “Igreja”. A
coisa remete mais à culpa e ao medo do inferno, processos arraigados muito mais
na cultura do que no aspecto religioso, do que exatamente num interesse
cristão.
É, a solução volta a ser:
CATEQUESE DE ADULTOS. Mudança de paradigmas e mentalidades. Processo que deve
ser profundamente estudado e assumido pela Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Enquanto fizermos coisas bonitas só no papel, planejamentos que não mudem as
estruturas da nossa Igreja, os resultados serão sempre “parciais”. É fato.
E essa receita não ficou
boa!
Só coloquei essa imagem aqui porque estou numa dieta ferrenha! Ó sacrifício! |
Ângela Rocha
As citações das propostas a seguir que foram publicadas na postagem foi eu que comentei numa postagem anterior...
ResponderExcluir- Planejamento de temas para encontro de pais;
- Nas celebrações, levar os catequizandos a participar dos momentos da missa: entrada da bíblia, ofertório, acolhida, coral, evangelho encenado. (Se as crianças participam da missa, os pais as acompanharão);
- Levar a catequese mais próxima da sociedade. Como por exemplo, ajudar instituições de caridade, rezar na casa de pessoas enfermas, etc.
- Rezar e lutar para que nasça de fato o compromisso no coração das pessoas que estiverem a nossa volta.
Você não concordas com elas Angela?
Sim, eu concordo plenamente.
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