Saudade e esperança - D. Murilo Krieger
Como bem diz minha amiga Rosângela, alguns textos são um bálsamo para nossas almas.
Se fizermos uma retrospectiva de nossa vida, surgirão lembranças alegres e tristes, dos tempos de nossa infância, da juventude ou vividas no dia anterior. Desfilarão diante de nós amigos inesquecíveis, colegas de escola e companheiros de trabalho. Nós nos lembraremos, particularmente, de momentos vividos com nossos pais e irmãos, com tios e avós – momentos feitos de alegrias e confidências compartilhadas. De algumas pessoas guardamos lembranças simples, aparentemente pouco importantes, mas que continuamente voltam à nossa memória. Alguns amigos poderão estar morando em lugares distantes, desconhecidos, e estamos impedidos de vê-los e de com eles conversar. É verdade que as novas opções de comunicação, nascidas em torno da internet, nos têm aproximado de pessoas que pareciam perdidas no tempo e no espaço; continuamos convictos, porém, de que nada substitui os contatos pessoais, os sorrisos próximos e os abraços amigos. Há, por outro lado, pessoas que fizeram parte de nossa vida e já faleceram, impossibilitando o reencontro desejado.
Caminhemos adiante. Continuemos com nossas recordações. Então, uma luz surgirá no meio de nossas lembranças e uma verdade se imporá: “As pessoas que amamos e perdemos já não estão onde estavam, mas estão onde estamos”. Sim, as pessoas que marcaram nossa vida encontram-se presentes tanto em nossas lembranças como nas idéias que nos transmitiram; nos trabalhos que enfrentamos e em nossas horas de alegria; presentes continuam em nosso dia a dia, talvez sem mais a marca da tristeza: é que as sentimos ao nosso lado, animando-nos, incentivando-nos e fazendo-nos descobrir novas perspectivas da vida.
Tais amigos, pais ou irmãos não ganham estátuas, não há ruas com seus nomes e suas biografias não aparecem nos jornais. Não julgamos que isso seja necessário, pois temos consciência de que tais honras poderiam até empobrecer a imagem que deles guardamos “no lado esquerdo do peito”; ou estamos convictos de que as melhores homenagens não conseguiriam exprimir toda a importância que essas pessoas têm para nós – importância que cresce à medida que o tempo passa, pois o tempo ressalta as dimensões do patrimônio que nos deixaram.
Na fé – dom de Deus, que dá novo sentido à nossa vida –, tudo adquire um novo sentido, um valor e uma dimensão que o tempo não destrói. “Creio na vida eterna”, professamos no “Credo”. A crença na eternidade é vista por alguns como uma fuga, um modo de nos refugiarmos num mundo ideal, diante dos problemas concretos que a vida nos impõe. Quem se debruça sobre a vida daqueles cristãos que vivem profundamente sua fé – por exemplo: os santos – sabe que ninguém como eles tem o pensamento voltado para Deus (“O que é isso para a eternidade?”, se perguntava continuamente São Luiz Gonzaga) e, justamente por causa dele, tem os pés tão firmes no chão da realidade. O testemunho da Bem-aventurada Dulce dos Pobres é uma prova disso. Os santos de ontem e de hoje guiam-se pela orientação que o apóstolo Paulo deu aos cristãos de Colossos (cidade que ficava na região da atual Turquia): “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus” (Cl,1-3).
As pessoas que amamos e perdemos, não se encontrando onde estavam, onde costumavam ser uma presença alegre e confortadora, mas sim onde estamos, continuam sendo importantes em nossos passos. Por nada deste mundo aceitaríamos trocar as recordações que deixaram, pois concordamos com Saint-Exupéry: “Se procuro entre minhas lembranças as que deixaram um gosto durável, se faço um balanço das horas que valeram a pena, certamente só encontro aquelas que nenhuma fortuna do mundo ter-me-ia presenteado” (“Terra dos Homens”). Benditos aqueles que nos deixaram lembranças tão ricas, fortes e alegres que nos tornam capazes de olhar o mundo, os acontecimentos e as pessoas com fé, confiança e otimismo!
Caminhemos adiante. Continuemos com nossas recordações. Então, uma luz surgirá no meio de nossas lembranças e uma verdade se imporá: “As pessoas que amamos e perdemos já não estão onde estavam, mas estão onde estamos”. Sim, as pessoas que marcaram nossa vida encontram-se presentes tanto em nossas lembranças como nas idéias que nos transmitiram; nos trabalhos que enfrentamos e em nossas horas de alegria; presentes continuam em nosso dia a dia, talvez sem mais a marca da tristeza: é que as sentimos ao nosso lado, animando-nos, incentivando-nos e fazendo-nos descobrir novas perspectivas da vida.
Tais amigos, pais ou irmãos não ganham estátuas, não há ruas com seus nomes e suas biografias não aparecem nos jornais. Não julgamos que isso seja necessário, pois temos consciência de que tais honras poderiam até empobrecer a imagem que deles guardamos “no lado esquerdo do peito”; ou estamos convictos de que as melhores homenagens não conseguiriam exprimir toda a importância que essas pessoas têm para nós – importância que cresce à medida que o tempo passa, pois o tempo ressalta as dimensões do patrimônio que nos deixaram.
Na fé – dom de Deus, que dá novo sentido à nossa vida –, tudo adquire um novo sentido, um valor e uma dimensão que o tempo não destrói. “Creio na vida eterna”, professamos no “Credo”. A crença na eternidade é vista por alguns como uma fuga, um modo de nos refugiarmos num mundo ideal, diante dos problemas concretos que a vida nos impõe. Quem se debruça sobre a vida daqueles cristãos que vivem profundamente sua fé – por exemplo: os santos – sabe que ninguém como eles tem o pensamento voltado para Deus (“O que é isso para a eternidade?”, se perguntava continuamente São Luiz Gonzaga) e, justamente por causa dele, tem os pés tão firmes no chão da realidade. O testemunho da Bem-aventurada Dulce dos Pobres é uma prova disso. Os santos de ontem e de hoje guiam-se pela orientação que o apóstolo Paulo deu aos cristãos de Colossos (cidade que ficava na região da atual Turquia): “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus” (Cl,1-3).
As pessoas que amamos e perdemos, não se encontrando onde estavam, onde costumavam ser uma presença alegre e confortadora, mas sim onde estamos, continuam sendo importantes em nossos passos. Por nada deste mundo aceitaríamos trocar as recordações que deixaram, pois concordamos com Saint-Exupéry: “Se procuro entre minhas lembranças as que deixaram um gosto durável, se faço um balanço das horas que valeram a pena, certamente só encontro aquelas que nenhuma fortuna do mundo ter-me-ia presenteado” (“Terra dos Homens”). Benditos aqueles que nos deixaram lembranças tão ricas, fortes e alegres que nos tornam capazes de olhar o mundo, os acontecimentos e as pessoas com fé, confiança e otimismo!
Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil
Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil
Este e outros artigos dos Bispos podem ser encontrados no site da CNBB:www.cnbb.org.br
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