A catequese e o homossexualismo

Esta semana recebi uma mensagem no FACEBOOK, naquilo que se chama PERGUNTA. Trata-se de uma questão levantada por uma catequista devido a notícia de que, em Pernambuco um casal gay, através de fertilização em vitro, tiveram uma filha.
A PERGUNTA:
“Se tem algum (alguma) psicóloga, vocês estudaram FREUD, etc. Como explicar para a nova sociedade uma CERTIDÃO DE NASCIMENTO COM dois PAIS ? E o sentido de que Deus criou o homem e a mulher, como fica tudo o que vocês estudaram e hoje vemos CONCRETIZADO em PERNAMBUCO, com uma fertilização in vitro. Papai quem é minha mãe ? Como eu nasci ? Imagine para um adolescente recém adotado por um casal homossexual ?”
Bem, recorri a uma querida amiga psicóloga que me ajuda muito em meus relacionamentos com as crianças e pais da catequese. Eis aí a resposta da minha amiga psicóloga:
"Como explicar para uma criança sobre essa nova estruturação familiar, adoção de crianças e adolescentes por pais do mesmo sexo e a fertilização in vitro...partindo do princípio que Deus fez o homem e a mulher para se unirem e constituírem uma nova família?
Primeiramente desejo esclarecer que não existe uma resposta certa ou errada.
Quando partimos do princípio que Deus, na sua infinita sabedoria fez o homem e a mulher para deixarem pai e mãe e constituírem uma nova família, também Deus, na sua infinita sabedoria, deu ao homem e a mulher a decisão, o livre arbítrio.
E hoje, no mundo moderno, essa possibilidade do livre arbítrio tem nos mostrado as possibilidades de novas estruturações familiares, e nós, como catequistas, psicólogos, orientadores, temos que ter o cuidado de seguir uma lei: a Lei do amor e do respeito ao próximo. Acredito ser essa a Lei maior que devemos seguir. No momento em que lidarmos com essas diferenças que aprendemos e cremos de forma preconceituosa e acusativa, podemos até achar que estamos seguindo os mandamentos... a Bíblia, mas esquecemos que o maior mandamento é o AMOR.
O AMOR em aceitar o outro como ele realmente é... de como ele se constituiu. Cada ser humano se constitui de forma diferenciada, devido a vários fatores.
Penso que, num dado momento que devemos explicar à criança toda essa controvérsia do que ontem aprendemos e o que hoje nos é apresentado, devemos é sim, revelar todo o nosso conhecimento e crenças, mas em contrapartida, aceitar e respeitar o novo... e estimular para que a criança entenda de forma que, apesar das contradições... das diferenças, não seremos nós que implantaremos a divisão, a discórdia e o julgamento..
Existem muitas passagens na Bíblia que nos pontuam que intransigência não nos cabe fazer. Exemplo significativo é de Jesus com Maria Madalena... não somos nós que devemos atirar a primeira pedra. E seríamos soberbos demais em dizer para uma criança que somos os conhecedores de toda a verdade...e talvez a soberba seja o nosso maior erro... mais do que a opção de aceitar um casamento gay, adotar filhos nessa situação e a fertilização in vitro. E sinceramente, a soberba da certeza é uma herança que jamais devemos desejar deixar para uma criança."
Rose Kriger
Psicóloga

Comentário ao texto feito por outra psicóloga:
Este texto traz reflexão sobre um momento bem atual e, a resposta a tantas duvidas continua sendo: ter atitudes verdadeiras, com transparência e afeto.
Marilisa de Almeida
O que eu, catequista amadora, penso a respeito:

Primeiro perguntei ao Paulo, meu marido, sua visão “masculina do caso”, o que ele diria disso. Também pra saber a opinião de uma pessoa fora da catequese...
Ele respondeu: "Isso é problema dos dois pais ou das duas mães."
Paulo teve uma visão apenas a  respeito da educação do filho e a respeito do "Pai, porque não tenho mãe?” Opinião da qual partilho...

Um casal que é homossexual e que resolveu constituir uma relação e criar filho (e tem grana pra bancar o processo), acredito que tenha cultura suficiente pra saber que deverá educar seu filho para a realidade em que ele vai viver. Os problemas que a criança vai enfrentar na escola e na sociedade muitas vezes estão sendo antecipados.

É claro que é difícil, nossa sociedade ainda não está preparada para NÃO TER preconceito nem de raça, que dirá de preferência sexual. Mas eu boto fé nas pessoas que tem coragem de assumir isso e enfrentar o mundo. E aqui me lembro de um filme: “Gaiola das loucas", lembram? Com Robin Williams, Nathan Lane, Gene Hackman. Uma comédia muito louca, como o nome diz. Os dois protagonistas tem um filho que criaram juntos. E o filme mostra um rapaz muito bem resolvido, que ama  o “marido” do pai como se fosse uma "mãe". Claro que o filme não é bem um exemplo a se seguir. Mas eu costumo tirar das coisas aquilo que é bom e, no caso, o excelente relacionamento familiar deles.

Quanto a questão disso acabar em nossas mãos, na Igreja, penso o seguinte, mas antes tem duas questões aqui sobre as quais a gente precisa de uma “dose de realidade”:

01 - Dificilmente um casal gay, que teve um filho por fertilização em vitro, é católico praticante;
02 - Mais dificil ainda é os dois colocarem o filho na catequese...
Mas vamos lá, o que um catequista deve responder sobre isso? Que homossexualismo é perversão? Sodomia? Pouca vergonha? Devemos não aceitar a criança na catequese? Como as outras crianças vão olhar isso?

Primeiro que nós "exalamos” por todos os nossos poros que somos DE JESUS. E Jesus é aquele que veio para os pobres, os oprimidos, os ladrões, as prostitutas, os "excluídos". Que visão de Jesus estaremos espalhando por aí se dissermos que ELE jamais aceitaria os homossexuais? Que visão intolerante do que é “diferente” estaríamos propagando? E a realidade é que existem muito mais casos de homossexualismo por aí, do que a gente pensa...

Sobre o que sei do homossexualismo e como a gente trata do assunto com os adolescentes, a orientação é de que devemos ensiná-los a "respeitar" as pessoas. Não tratá-las como párias da sociedade e afastá-las definitivamente da Igreja e de Deus. Inclusive podemos encontrar essa orientação no Catecismo da Igreja Católica, itens 2357 a 2359. A Igreja diz que o homossexualismo vai contra a ordem natural da criação, mas pede que se aceite as pessoas. Condena os atos sexuais mas orienta a aceitar as pessoas e ajudá-las numa vida casta e de oração.

O que eu faria, como catequista, se me aparece um catequizando filho de dois pais sem nenhuma mãe? Ia aceitá-lo sem reservas. E ia trabalhar o grupo para também aceitar. E ajudá-lo no que fosse possível a aceitar-se também, dentro da realidade em que vive. Acredito que se ele tiver amor verdadeiro dos pais , não terá dificuldades para enfrentar as incompreensões que possam vir.

Ângela Rocha
Catequista Amadora

Comentários

  1. Gostei do que foi escrito!
    beijos,

    Vivian

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  2. É verdade... acho que não devemos incentivar,mas podemos e devemos orientar! Mas depois que a situação já é um fato. Devemos com muito amor acolher e sempre orientar...

    Parabéns pelo post!

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  3. Maravilha de postagem!
    Beijinho.

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