Pais, escola, sociedade e catequese...


 Andei aqui me lamentando por não ter turma de catequese este ano. Mas vi que isso não aconteceu só comigo. E uma amiga catequista de São Paulo levantou esta questão. Claro que isso é uma realidade que ainda não supera a grande FALTA de catequistas na maioria das paróquias. Mas, todo ano temos menos catequizandos inscritos. Será que não estão nascendo mais crianças?
De fato, essa coisa de não ter turma, pode ser um reflexo de NÃO TER CRIANÇAS NA CATEQUESE. E minha amiga levantou a questão de que, muitos pais nem estão batizando mais os filhos. Estão deixando que eles escolham a religião e quando querem receber o sacramento. O que não acontece muito com o time do coração. Os pais já vestem a camisa do Corinthians (eca!) na criança, recém saída da maternidade. Isso não tem escolha!

Agora, que a educação que os pais dão, hoje, para os filhos, deixa muito a desejar, é fato comprovado. Estão aí os problemas que temos enfrentado, cada vez mais cedo, com nossas crianças. Que começa pela falta de limites, educação, respeito; e acaba em drogas, gravidez precoce, rebeldia, violência, etc. Então, antes que levantemos aquela velha bandeira do “isso é culpa dos pais”, quero aqui fazer uma defesa de “Mãe” e não de catequista.

E meu palpite nisso é o de uma mãe de quatro filhos, cujos primeiros três já são adultos. O mais velho fez catequese e recebeu o crisma. Os outros dois pararam no primeiro ano da catequese de crisma e não quiseram mais saber. E nenhum dos três freqüenta a Igreja. Fui criada na Igreja católica e meu marido também. Estou na catequese há seis anos, este é o sétimo. Exemplos e limites podem ter certeza, que demos e damos até hoje. Minha filha de 12 anos está no primeiro ano de preparação para o sacramento do crisma. Perguntei a ela o que acha da sua catequista. Ela me respondeu: “Genérica”. Como é isso? “Ah, nada de diferente...”.

Em minha defesa digo que, não são só os pais, que educam os filhos! A escola, a sociedade e a Igreja, têm parte nisso também.

Como pais, é nosso dever, ensinar valores aos nossos filhos. Valores éticos, morais, de justiça, honestidade, respeito ao próximo. À escola, cabe ensinar os conhecimentos para que eles possam, um dia, ser úteis á sociedade. E, é claro, eles aprendem também como se comportar naquele que é o primeiro meio social em que entram depois da família. E olha que a vida escolar tem um reflexo enorme na vida das pessoas. Passamos de onze a dezesseis anos na escola. Todos os dias da semana, durante 200 dias no ano. Isto quando não fazemos especialização, mestrado, etc.

Lá pelos sete anos, também, a criança começa a viver em outros grupos que são os amigos da escola, do futebol, do curso de inglês, do clube, da rua (isso onde ainda é possível). E, somente aos nove anos (vejam só!), a criança começa a frequentar o grupo de catequese, ou seja, começa o ensinamento da doutrina da fé e então ela vai para o grupo "religioso". Claro que esperamos que a criança tenha alguma vivência de fé na família. Notadamente, a maioria não tem. E encontramos algumas crianças, raras eu diria, cujos pais deixaram que escolhessem se queriam ir ou não. Agora, em que se baseia isso? Se os pais não vivem ou tem religião, é óbvio que não haverá esta escolha. Pelo menos na infância e adolescência. Só se algum outro grupo, escola e amigos, influenciar. Mas, quem “escolheu” ir, pode ter certeza que tem o dedo dos avós no meio...

E é aí, nesta tal “deixa que ele escolha”, que encontramos aquelas pessoas que chegam à Igreja por pressão da sociedade. O matrimônio ou, casamento na Igreja, ainda é um "costume" determinado pela sociedade. E muita gente, por causa disso, vai a Igreja, depois de adulto, completar os sacramentos. Erro nosso em não dar uma atenção maior á catequese destas pessoas. Mas tem um outro lado, encontramos cada vez mais casais, que não fazem questão de Igreja na história de suas vidas. E aí? Pra quem é que vamos fazer catequese de adultos quando ninguém mais “procurar”?

Sabem aquela fala do “discípulo missionário” que a Igreja tanto insiste? Não é com criança que ela funciona... É aí mesmo que ela cabe!

Voltemos a nossa questão dos outros "sistemas", que não os pais, que são responsáveis pela educação das crianças e jovens. Como eu disse, a escola tem grande influência na vida das pessoas. E encontramos um sistema de ensino cada vez mais precário. Em nome da laicidade do estado e da liberdade de escolha religiosa, já não se pode mais nem falar em Deus lá. Não temos mais aula de religião. A não ser em colégios ligados a alguma doutrina. Também temos exemplos bastante preocupantes de comportamentos “exemplares” na escola. Sabemos que o grupo exerce forte influência na formação do indivíduo. Chega um momento que se tem necessidade de “pertencer” a algum outro grupo além da família. Ah, e o que um adolescente não é capaz de fazer para ser aceito! E não importa que os pais tenham ensinado que "aquilo" que o grupo faz ou pensa, está errado...

Agora vamos à influência que a Igreja, religião ou mesmo, a catequese, pode ter na vida de uma criança ou adolescente. Se compararmos os outros dois grupos à catequese, observando o tempo que se passa nela, poderíamos dizer que é... NENHUMA! Que diferença pode fazer, na vida de alguém, trinta horas falando de fé e religião ao longo de um ano? Bom seria se fossem muitos e muitos anos... Mas em alguns lugares a catequese só dura um ano. E que diferença poderá fazer na vida de uma pessoa participar das missas por obrigação? Nenhuma, porque, com certeza, ela não ouviu nada e nem entendeu nada!

Agora, não pensem vocês aqui que estou dizendo que a catequese não adianta de nada. É claro que ela é importante e necessária. Mas ela é COMPLEMENTO daquilo que a pessoa vive em família, na sociedade, na escola, com amigos e companheiros de time. Ela só é eficaz, e atinge seus objetivos, quando é feita com mais que boa vontade e, para quem quer, ou seja, teve o anúncio querigmático! Quer ouvir, quer conhecer, quer experimentar JESUS!

Aqui então eu me faço outra pergunta: E quando a própria catequese é que tira a criatura do caminho? Vai que a família fez um bom trabalho, que a sociedade inflama a criatura a fazer alguma coisa, que os amigos chamam... Mas, a catequese se prova uma grande perda de tempo, uma chatice e um trololó de doutrina interminável?

Deculpe-me falar mas, eu gostaria que a catequista da minha filha fosse mais que “Genérica”...

Ângela Rocha

Comentários

  1. Com relação aos seus meninos, penso que a semente foi plantada e que os ensinamentos recebidos, o exemplo de vida que vocês lhes deram estão ali, dentro deles. Faz parte da vida dos jovens esse "dar um tempo".
    Agora o que não é legal são pais que não transmitem valores para seus filhos, achando que as crianças já nascem "sabendo" o que é bom para eles.

    beijos

    Vivian

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  2. Eu tive uma grande decepção na catequese, a responável, freira, usou palavras frias, negativas e aconselhou minha filha que esperou anos com alegria pelas aulas de catequese que ela parasse a catequese...simplesmente porque a freira não queria mudar ela de horário, pois a catequista atual tem comportando de modo estranho, uma menina nova, de cara fechada, isola ela das outras amigas sem motivo, eu mesma presenciei, eu estava na aula,
    Ensinei a minha filha o valor da religião e a importancia das aulas, que as catequistas e religiosas são atenciosas e compreensiva, uma coisa de Deus...mas diante das rejeições, negação, palavras duras e frias, foi um banho de água gelada, para acordar que diante de uma pessoa que com aquela aparencia, não passa de uma aparencia externa, por dentro um coração de pedra, e fria...**aconselhou parar a catequese**
    uma criança educada, exemplo da classe em notas e comportamento.
    A questão acima é cade as crianças nas aulas de catequese?
    pois então, se eu não tivesse colocado minha filha, não etava agora com o peito apertado, não teria conhecido a dureza de uma religiosa...
    Talvez deixar as crianças crescerem felizes e optarem, é melhor... Agora não discórdo de quem fez assim.
    Mas, pelos meus principios, pela minha filha que sempre esperou essas aulas e sempre respeitou todos e tudo, pela minha religião católica, pelo padre acolhedor, pelas pessoas boas que nos dão forças...vamos tentar a catequese de um jeito ou outro.

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  3. olá amiga estive procurando algum texto que falasse sobre a relação catequistas/pais e me deparo com esse discurso inflamado e tão verdadeiro que me emocionou. Belas palavras,! Santas verdades. Sempre o mesmo dilema: como fazer as crs frequentarem a misssa, como tornar nossos encontros mais atraentes, como fazer pais se envolverem com a catequese de seus filhos, etc, erc... Abcs

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  4. Ah, e espero que eu não esteja sendo uma catequista "genérica". Procuro sempre inovar, trazer exemplos da vivência real do catequizando. Isto é ser "generica".? Então vou pedir demissão ... kkk

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